17 de dez. de 2011

As artesãs da Cidade da Esperança

Professor Janilson
                Objetos exclusivos não indicam luxo e riqueza. A exclusividade existe em algo que é feito com o propósito de agradar alguém e pode ser um simples cartão ou um brinquedo. No campo das artes, o artesanato tem possibilitado uma enormidade de possibilidades   de  produzir-se  algo “exclusivo”.Esse “algo” cria uma ponte de afetos entre quem presenteia e quem é presenteado.
                Algumas vezes passamos dias e horas em busca de um presente. A sociedade capitalista, com suas grifes e marcas,  sai escravizando e determinando o grau de importância pelos preços  e os loucos e tolos caem na rede e se arrebentam. Quem assistiu “Cidadão Kane”, um dos filmes mais importantes do cinema mundial, observou que o objeto mais importante para o poderoso e milionário Kane, era ROSEBUD, o carrinho de madeira com que brincava quando criança.
                Na Cidade da Esperança, algumas mães reúnem-se no Clube de Mães Nossa Senhora da Esperança e, entre outras atividades, participam de cursos e produzem belos objetos de artesanato. Ali, com recursos escassos e diversas dificuldades, conseguem vencer as barreiras e permanecer ativas como mães e artistas.   
                É hora de conhecermos essas artistas e valorizarmos a sua arte. É hora de presentearmos nossos amigos e familiares com algo realmente exclusivo e feito com o carinho e o talento das mães da Cidade da Esperança. O contato com as artistas e a compra dos objetos ocorrem  às sextas-feiras, após as 14h,  na sede da Legião de Maria na Igreja Católica da Cidade da Esperança.

13 de dez. de 2011

William Guedes emplaca o 3º lugar no SESI MÚSICA 2011

Professor Janilson
Neste 12/12/2011, uma segunda-feira de bela lua, foi realizado no teatro Alberto Maranhão o Festival SESI MÚSICA 2011.Este evento pauta-se no reconhecimento dos talentos artísticos do setor industrial. Foi uma noite marcante que mostrou que temos ótimos compositores e intérpretes. Entre eles, William Guedes, cantor e compositor da Cidade da Esperança que representou a PETROBRÁS e ficou em 3º lugar com a música “Pé de Juazeiro”, uma bela letra que nos faz viajar pela temática de Gonzagão.


27 de ago. de 2011

O sumiço dos grafites

Professor Janilson

Cada coisa tem seu tempo e valor sensível. É este valor que estabelece o tempo de cada coisa. Você guarda ou usa determinado objeto, segundo suas regras pessoais. Quando não mais lhe interessa ...descarta. Isto vale, também, no campo da ARTE.
                Esta discussão sobre o “valor sensível”   apareceu ao deparar-me  com  o imenso muro branco que fica em frente a igreja católica da Cidade da Esperança. Ali, há vários anos, existiam desenhos de grafite, entre eles, obras de Ivan Cláudio, artista falecido. Alguém decidiu retirá-las e pronto. Aqueles grafites quebravam por alguns instantes  a monotonia  na vida de muitas pessoas .Um muro branco é algo melancólico, coisa de cemitérios.
O muro me lembrou a rampa de skate que tinha obras de grafite e  foi derrubada para construção da UPA. Assim, aos poucos, tudo vai sumindo sob a tinta da ignorância ou virando pó. Resta-nos apenas o dever de olhar e, se possível, registrar em fotos para contar a história aos que não tiveram a chance de vivê-la ou vê-la. Ou, quem sabe, abrir o debate sobre esta arte e buscar o apoio dos empresários do bairro para apoiarem os  artistas locais numa nova produção artística baseada em projetos eleitos pelos moradores. 





20 de jul. de 2011

O teatro da Esperança

Professor Janilson

                A Cidade da Esperança sempre teve um teatro. Soube que ele foi construído juntamente com a Igreja Católica  para apoiar a arte e a fé.História bonita e abandonada, como o velho e belo teatro.Acho que a Esperança é um dos bairros mais bem aparelhados em equipamentos culturais,porém, ou abandonados ou inacessíveis aos moradores.É urgente uma campanha séria pela reocupação e reutilização  desses espaços.
                Fico pensando naquele cara que anda com fome, porém, com a geladeira cheia. É assim que agem com a arte no bairro.

14 de jul. de 2011

Livreiros da Cidade da Esperança

Professor Janilson

            Nos anos setenta,  tínhamos na Cidade da  Esperança o “caminhão da cultura”  trazendo livros todas as semanas. Tínhamos, nos anos oitenta, uma biblioteca funcionando no CSU. E hoje?Desconheço um espaço de leitura popular no bairro, seja municipal ou estadual.
 Para o nosso bem, existem livreiros, ou sebistas, promovendo leituras a um bom preço. Aos domingos, na feira do bairro, conto com a presença iluminada de Neto e sua esposa Rosa. Há mais de vinte anos eles saem de Felipe Camarão e comercializam livros e revistas na feira. Lá, entre frutas e verduras, podemos folhear e escolher, a bom preço, livros de Jorge   Amado, Machado de Assis, João Ubaldo e, também, escritores estrangeiros. Gosto de ver os jovens, adultos e crianças, manuseando atentamente , até a grande escolha.
            Durante toda a semana,  temos o sebo “Salada Cultural”, de Mauricio,na avenida Pernambuco, no Shopping Esperança. Lá, também, livros e revistas a um bom preço. Se não há bibliotecas  no bairro, temos estes dois maravilhosos lugares. É só uma questão de escolha : deixe de comprar besteiras e compre livros. Depois, forme um pequeno grupo e troque os livros. Não ler é o que arrebenta e atrasa a vida. Todos os dias os jornais noticiam que pessoas perdem espaço no mercado de trabalho por falta de leitura. Na Esperança não precisamos passar por isso, os sebos estão ai a nossa espera.

13 de jul. de 2011

Incultura potiguar

Autor : Janilson Sales de Carvalho

Se no Rio de Janeiro
Um Machado é cultuado e vira monumento
Aqui no RN dois Machados vão ao chão
E somem na poeira do esquecimento

A cultura no Rio é moeda forte
Lá surgiram movimentos nacionais
No RN a cultura é abandonada
E os artistas penam prá ter cartaz

Lá no Rio , o poeta Gentileza
Homem de rua e emoções
Tem seus versos reescritos e lembrados

Aqui no RN, até o grande Cascudo,
Pelas escolas, cidadãos e administradores públicos
É ignorado

Vejo a paixão dos baianos por Amado
Dos alagoanos  por Graciliano
Dos pernambucanos por Gilberto Freire
Dos gaúchos pelos Veríssimo
E tantos e tantos pelo Brasil
Enchem de orgulho seus conterrâneos

E nós potiguares
Cultuamos o esquecimento
De escritores e poetas
Músicos , bailarinos e pintores
Atrizes e atores
Morte em vida
De alguns

A ignorância impera em canais de TV e FM
O povo segue rebolando axés, forrós sintéticos
Desconhecendo :
A Grande Arte Potiguar
A voz bonita de Terezinha de Jesus
O forró de Elino Julião
A poesia de Zila Mamede
A música dos Galvão
A obra maravilhosa de Cascudo

Não precisa ser Rio, nem São Paulo
Só precisa saber-se POTIGUAR
Saber-se dono de tesouros
Nunca escondidos, porém, abandonados



9 de jul. de 2011

Gaivotas – hit dos anos 80

Professor Janilson
                Em 2009 participei do Fórum Social Mundial em Belém do Pará. Eu e alguns amigos fomos de carro e tivemos que atravessar a Baia de São Marcos, no Maranhão, em  um ferry boat. Uma cena que me marcou foi a presença de muitos pássaros seguindo o navio. Lembrei–me imediatamente  da música do amigo Carlos Valle, Gaivotas. Comentei com os amigos e cantei um pouco.
                Gaivotas  é uma das marcas dos anos 80 na Cidade da Esperança. Essa década foi muito musical no bairro e fez surgir diversos grupos com os mais variados ritmos. Acompanhei várias  apresentações coletivas, pois , o bairro era de todos. Riqueza pura. Encontro esses artistas por aí nos seus afazeres diários. Como seria bom revê-los no palco, qualquer palco, na Cidade da Esperança.Tudo é possível quando se quer.

3 de jul. de 2011

Aguaceiro na Esperança

Professor Janilson

            Chuva em Natal já é bronca... e na Esperança? Há lugares que viram lagoas ou riachos. Perto da minha casa, na Rua Padre Ramalho, as águas avolumam-se até inundar a rua. Há anos, acompanho a luta daqueles moradores. Nenhuma administração, até hoje, buscou uma solução para o problema. Em junho de 2008, a água foi tanta, que virou um grande lago que não deu peixe, mas deu banho. Lamentei a imprudência dos garotos jogando-se naquela água imunda. Mas, como diz a música “Epitáfio” dos Titãs : o acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído.
            E tudo vira brinquedo: poças, bicicletas, carros encalhados. Em todo lugar meninos de prontidão. Santo lugar onde a alegria de crianças ameniza a tragédia e o abandono.

1 de jun. de 2011

Preso no aquário – música eterna


Professor Janilson
Tem músicas que marcam a nossa existência pelos mais diversos motivos. Algumas recheadas de lembranças, outras por pura beleza. “Preso no aquário” de Franklin Mário e William Guedes, artistas da música e moradores da Cidade da Esperança, é pura beleza.
Ouvi de William (  Dedé, para os amigos) que a música surgiu em  2004, numa visita que fez a  Franklin. A letra já estava quase pronta e Dedé  contribuiu com  a alma instrumental.
A música deu título ao primeiro cd de Willian e, em seguida, foi  gravada no segundo  cd de Geraldo Carvalho.
O que sei é que a elegância dos versos me remete aos melhores compositores da MPB. É ótimo ouvi-la na voz de Geraldinho Carvalho.

30 de mai. de 2011

O poeta Oreny e seu amor pela Cidade da Esperança


Professor Janilson
Oreny Junior é um desses filhos do bairro que precisaram caminhar pelo mundo para organizar  a vida e a  família. Já morou em diversos lugares, abrindo trechos para grandes projetos da PETROBRÁS. Hoje está no Mato Grosso. Em suas folgas, corre para Natal.
A alma de poeta , independente de onde esteja,mergulha sempre nas águas da saudade. A de Oreny se enraíza na família, em Natal e na Cidade da Esperança.
Aos domingos, a feira do bairro é ponto de visita e de inspiração. Neste mês de maio,  o poeta esteve na feira  e fez um poema.Em poucos versos redimensiona seus  passos na feira, mostrando que a poesia encontra-se na alma de cada individuo e em cada prazer que sente.
Neste domingo, refiz o trajeto do poeta registrando cenas. A feira é um espetáculo  e me fez entender o verso que diz :”sou feliz na feira da Cidade da Esperança.”Concordo com o poeta.


23 de mai. de 2011

O caminhão da cultura

Professor Janilson

                Em 1976 a Fundação José Augusto implantou o caminhão da cultura, uma biblioteca volante que visitava os bairros de Natal. Na Cidade da Esperança, o caminhão ficava em frente à igreja católica todas as terças-feiras. Lembro-me da criançada e dos adultos em fila, comentando os livros lidos e pedindo opinião sobre outros. Líamos um livro por semana. Naqueles dias, li sobre segredos do fundo do mar, mistérios de florestas, romances indígenas, amores da Bahia, poesia mineira, entre outras maravilhas. A literatura era parte do nosso cotidiano. Muitos daqueles leitores passaram no concurso da ETFRN e no primeiro vestibular da UFRN.
                Há poucos meses, estive na Biblioteca Câmara Cascudo em busca de informações ou registros sobre o caminhão. Lamentavelmente, fui informado ,pelo diretor da biblioteca, da inexistência de qualquer registro e ,tudo indicava, que haviam sido incinerados ou jogados no lixo. Fiquei chocado e triste com o descaso.
Lembro-me que um dia o caminhão não apareceu mais e restou-me, nas mãos de treze anos, o livro “Os Lusíadas” de Luís de Camões. Recordo que não foi, naquela idade, uma escolha muito interessante e que estava louco por trocá-lo pela ”Vaca Voadora” de Edy Lima.
Há 35 anos eu lia um livro por semana em uma biblioteca pública volante. Hoje não há bibliotecas, nem caminhões. Para os administradores públicos, bibliotecas e livros fazem mal. Vivemos uma inquisição moderna e cínica que exclui o livro de todos os espaços.
Ainda sonho com aquele caminhão que chegava numa terça-feira com todos os tesouros da humanidade.

22 de mai. de 2011

A turma de Dona Núbia


Professor Janilson
                Nesses dias, mexendo em álbuns, encontrei uma foto muito especial. Ela foi feita em 1973, quando estudava a 4ª série na Escola Estadual Raimundo Soares, na turma da professora Núbia.  Tempo maravilhoso,  todos com dez anos. A Esperança não era calçada e havia uma rixa entre a Escola Raimundo Soares e o Belém Câmara, ou melhor, Raimundo Sarreira e Belém Caraca. Nem sempre os encontros dos alunos dos dois colégios terminavam bem, mas, nada muito grave foi registrado.
                Hoje, estou com 47 anos e tentei reconhecer aqueles rostos antigos e amigos. A tempos não os encontro e de vários não tenho o paradeiro.Lamentavelmente alguns nomes também sumiram da minha memória.Mas, aqueles que consigo lembrar,chegam a minha mente com vozes e gestos. É assim com : Ferdinando,Wellington Tavares, Omar, Sérgio, Nonato, Jalmir e Naildo e  as garotas : Nadelma, Suely, Edneide, Sanja, Elineide, Gorete, Aldineide, Tania, Edileide, Lúcia e Rosa. E Dona Núbia no comando.
                Passaram-se 37 anos  e uma foto me permite o resgate. Sempre peço para os meus alunos registrarem os bons momentos na escola, pois um dia, uma foto será a chave para uma lembrança.
                Sobre os amigos da foto, tenho contato com uns três, dois faleceram e dos demais não tenho notícia. Só sei que foram anos  felizes.       

A Senhora da Esperança e da Fé

Professor Janilson
A Cidade da Esperança em fevereiro tem um momento de rara beleza : a procissão da padroeira Nossa Senhora da Esperança. Após uma bela festa na comunidade com diversas atividades artísticas e religiosas, o encerramento é coroado com a procissão , a missa e queima de fogos.
A procissão segue pelas principais ruas do bairro, porém, um dos trechos mais impressionantes é a subida da Avenida Rio Grande do Sul. Ali, temos a dimensão fantástica da quantidade de pessoas que, maravilhosamente, a cada ano se unem para rezar, cantar e agradecer  as graças divinas.
Outra coisa boa que acontece na procissão é a oportunidade de rever velhos amigos e familiares que estão por ai,  ocupados com a vida em outros lugares.
Olhar essas pessoas subindo essa ladeira entoando cantos de amor e paz é estar diante de uma obra de Deus.

13 de mai. de 2011

Damiana – a voz nota 10 do samba potiguar

Professor Janilson
A Cidade da Esperança é arte pura, inclusive na música, em especial no samba. Mora aqui a voz nota 10 do samba-enredo da campeã do carnaval de Natal 2011, a Escola Balanço do Morro. Seu nome é Damiana e levou a nota máxima da comissão julgadora. Não é a primeira vez, nem a primeira escola que ela ama e defende com a sua bela Voz.
A escola homenageou a bela cidade de Santa cruz com sua arte e fé . Lamentavelmente não tive acesso a  letra e autores do samba.Espero que as escolas se unam e criem blogs e sites que divulguem esta importante vertente do samba no RN
Estes dias tive a honra de ouvi-la na alegre companhia de Chumbinho e outros experts do samba aqui do bairro. Me senti um pouco nas ruas da Lapa no Rio de Janeiro.  Digo com convicção que no bairro carioca a alegria e a magia do samba são semelhantes em tudo ao que presenciei. Espero poder ouvi-los sempre.

6 de mai. de 2011

Dia de Ivan Cláudio

Professor Janilson

Há um ano, no dia do artista plástico, morria Ivan Cláudio, artista do grafite na Cidade da  Esperança. Os jornais noticiaram, os amigos e a família choraram. Naquela hora se perdia um jovem talentoso para uma doença incurável no coração.
A verdade é que Ivan bem conhecia a sua predestinação e sabia que deveria marcar sua rápida presença neste mundo. A arte foi o porto que encontrou para  lançar seus navios, que estão por aí, ainda, nos muros e  paredes do bairro.
Lembro-me que foi feito e divulgado pela prefeitura de Natal, um projeto de apoio aos artistas do grafite , porém, morreu como  projeto, como tantos. As obras de Ivan resistem, belas, nos muros do bairro .  A pergunta é : até quando? O artista já se foi e a obra está sofrendo golpes de sol e chuva. E a comunidade, que tem a honra de conviver com arte tão bela, o que fará?E as escolas, que tem este acervo ao alcance, o que estão fazendo para divulgá-lo e preservá-lo?
Ivan fez a parte dele enchendo de poesia visual a Cidade da Esperança. Como é bom, num dia de sol, parar diante da obra e observar suas cores, seus traços, sua marca.
Viva Ivan Cláudio, viva a arte do grafite!

2 de mai. de 2011

O artista Avelino e seus quadros no Bar de Aurino

Professor Janilson

A Arte é uma dama livre e pode estar nas paredes das  igrejas medievais ou de um bar na Cidade da Esperança.
Há dez anos o artista Avelino Pinheiro, cronista de imagens da Cidade da Esperança, teve a maravilhosa idéia de registrar os personagens que freqüentavam o Bar de Aurino, ou Bar do Bode. Aos poucos, no ano de 2001, as paredes do bar foram sendo ocupadas pelos quadros. Sutilmente, Avelino buscou em cada personagem uma característica que o identificasse como única e lá estão eles cruzando o tempo e marcando a memória do bairro.
Alguns personagens já faleceram, porém, permanecem como referências de histórias e lembranças  nas conversas que rolam no bar.  
É este o papel da Arte : eternizar lembranças e sensações.
Vale ouro observar cada quadro, conhecer o seu personagem,ouvir a sua história.

25 de abr. de 2011

Sérgio Sampaio e o lugar das ARTES

Vejo nesta música de Sérgio Sampaio a real função da ARTE e a urgente necessidade de mantê-la viva em todos os seus espaços.

24 de abr. de 2011

Poema enjoadinho - Vinicius de Moraes

Lendo Newton Navarro

Lendo  Newton Navarro


Janilson Sales de Carvalho

Natal,20/04/2011



Ler Navarro
É mergulhar nas águas do Potengi
É olhar Redinha como uma obra de arte
É estar no  Bar Beira-Rio
E viver a boêmia na Ribeira

É sentir o vento
E se ofuscar com  a luz de Natal

Cidade que apesar de bela
Iluminada e festiva
Gerou contos
Em que a morte
Cavalga silenciosamente:

Em barracos escuros

Trens barulhentos

Na Nau Catarineta
E seu gajeiro Curió

Na picada que liberta
O boi Milonga

Numa sexta-feira da paixão
Com um filho morto na estrada

E no último canto de um galo amarelo

Morte que se dissipa
Em letras fecundas
Que pedem todo o tempo
Que a vida aconteça
Que o encontro ocorra
Que o humano acorde
Para o outro
Para a vida