30 de mai. de 2011

O poeta Oreny e seu amor pela Cidade da Esperança


Professor Janilson
Oreny Junior é um desses filhos do bairro que precisaram caminhar pelo mundo para organizar  a vida e a  família. Já morou em diversos lugares, abrindo trechos para grandes projetos da PETROBRÁS. Hoje está no Mato Grosso. Em suas folgas, corre para Natal.
A alma de poeta , independente de onde esteja,mergulha sempre nas águas da saudade. A de Oreny se enraíza na família, em Natal e na Cidade da Esperança.
Aos domingos, a feira do bairro é ponto de visita e de inspiração. Neste mês de maio,  o poeta esteve na feira  e fez um poema.Em poucos versos redimensiona seus  passos na feira, mostrando que a poesia encontra-se na alma de cada individuo e em cada prazer que sente.
Neste domingo, refiz o trajeto do poeta registrando cenas. A feira é um espetáculo  e me fez entender o verso que diz :”sou feliz na feira da Cidade da Esperança.”Concordo com o poeta.


23 de mai. de 2011

O caminhão da cultura

Professor Janilson

                Em 1976 a Fundação José Augusto implantou o caminhão da cultura, uma biblioteca volante que visitava os bairros de Natal. Na Cidade da Esperança, o caminhão ficava em frente à igreja católica todas as terças-feiras. Lembro-me da criançada e dos adultos em fila, comentando os livros lidos e pedindo opinião sobre outros. Líamos um livro por semana. Naqueles dias, li sobre segredos do fundo do mar, mistérios de florestas, romances indígenas, amores da Bahia, poesia mineira, entre outras maravilhas. A literatura era parte do nosso cotidiano. Muitos daqueles leitores passaram no concurso da ETFRN e no primeiro vestibular da UFRN.
                Há poucos meses, estive na Biblioteca Câmara Cascudo em busca de informações ou registros sobre o caminhão. Lamentavelmente, fui informado ,pelo diretor da biblioteca, da inexistência de qualquer registro e ,tudo indicava, que haviam sido incinerados ou jogados no lixo. Fiquei chocado e triste com o descaso.
Lembro-me que um dia o caminhão não apareceu mais e restou-me, nas mãos de treze anos, o livro “Os Lusíadas” de Luís de Camões. Recordo que não foi, naquela idade, uma escolha muito interessante e que estava louco por trocá-lo pela ”Vaca Voadora” de Edy Lima.
Há 35 anos eu lia um livro por semana em uma biblioteca pública volante. Hoje não há bibliotecas, nem caminhões. Para os administradores públicos, bibliotecas e livros fazem mal. Vivemos uma inquisição moderna e cínica que exclui o livro de todos os espaços.
Ainda sonho com aquele caminhão que chegava numa terça-feira com todos os tesouros da humanidade.

22 de mai. de 2011

A turma de Dona Núbia


Professor Janilson
                Nesses dias, mexendo em álbuns, encontrei uma foto muito especial. Ela foi feita em 1973, quando estudava a 4ª série na Escola Estadual Raimundo Soares, na turma da professora Núbia.  Tempo maravilhoso,  todos com dez anos. A Esperança não era calçada e havia uma rixa entre a Escola Raimundo Soares e o Belém Câmara, ou melhor, Raimundo Sarreira e Belém Caraca. Nem sempre os encontros dos alunos dos dois colégios terminavam bem, mas, nada muito grave foi registrado.
                Hoje, estou com 47 anos e tentei reconhecer aqueles rostos antigos e amigos. A tempos não os encontro e de vários não tenho o paradeiro.Lamentavelmente alguns nomes também sumiram da minha memória.Mas, aqueles que consigo lembrar,chegam a minha mente com vozes e gestos. É assim com : Ferdinando,Wellington Tavares, Omar, Sérgio, Nonato, Jalmir e Naildo e  as garotas : Nadelma, Suely, Edneide, Sanja, Elineide, Gorete, Aldineide, Tania, Edileide, Lúcia e Rosa. E Dona Núbia no comando.
                Passaram-se 37 anos  e uma foto me permite o resgate. Sempre peço para os meus alunos registrarem os bons momentos na escola, pois um dia, uma foto será a chave para uma lembrança.
                Sobre os amigos da foto, tenho contato com uns três, dois faleceram e dos demais não tenho notícia. Só sei que foram anos  felizes.       

A Senhora da Esperança e da Fé

Professor Janilson
A Cidade da Esperança em fevereiro tem um momento de rara beleza : a procissão da padroeira Nossa Senhora da Esperança. Após uma bela festa na comunidade com diversas atividades artísticas e religiosas, o encerramento é coroado com a procissão , a missa e queima de fogos.
A procissão segue pelas principais ruas do bairro, porém, um dos trechos mais impressionantes é a subida da Avenida Rio Grande do Sul. Ali, temos a dimensão fantástica da quantidade de pessoas que, maravilhosamente, a cada ano se unem para rezar, cantar e agradecer  as graças divinas.
Outra coisa boa que acontece na procissão é a oportunidade de rever velhos amigos e familiares que estão por ai,  ocupados com a vida em outros lugares.
Olhar essas pessoas subindo essa ladeira entoando cantos de amor e paz é estar diante de uma obra de Deus.

13 de mai. de 2011

Damiana – a voz nota 10 do samba potiguar

Professor Janilson
A Cidade da Esperança é arte pura, inclusive na música, em especial no samba. Mora aqui a voz nota 10 do samba-enredo da campeã do carnaval de Natal 2011, a Escola Balanço do Morro. Seu nome é Damiana e levou a nota máxima da comissão julgadora. Não é a primeira vez, nem a primeira escola que ela ama e defende com a sua bela Voz.
A escola homenageou a bela cidade de Santa cruz com sua arte e fé . Lamentavelmente não tive acesso a  letra e autores do samba.Espero que as escolas se unam e criem blogs e sites que divulguem esta importante vertente do samba no RN
Estes dias tive a honra de ouvi-la na alegre companhia de Chumbinho e outros experts do samba aqui do bairro. Me senti um pouco nas ruas da Lapa no Rio de Janeiro.  Digo com convicção que no bairro carioca a alegria e a magia do samba são semelhantes em tudo ao que presenciei. Espero poder ouvi-los sempre.

6 de mai. de 2011

Dia de Ivan Cláudio

Professor Janilson

Há um ano, no dia do artista plástico, morria Ivan Cláudio, artista do grafite na Cidade da  Esperança. Os jornais noticiaram, os amigos e a família choraram. Naquela hora se perdia um jovem talentoso para uma doença incurável no coração.
A verdade é que Ivan bem conhecia a sua predestinação e sabia que deveria marcar sua rápida presença neste mundo. A arte foi o porto que encontrou para  lançar seus navios, que estão por aí, ainda, nos muros e  paredes do bairro.
Lembro-me que foi feito e divulgado pela prefeitura de Natal, um projeto de apoio aos artistas do grafite , porém, morreu como  projeto, como tantos. As obras de Ivan resistem, belas, nos muros do bairro .  A pergunta é : até quando? O artista já se foi e a obra está sofrendo golpes de sol e chuva. E a comunidade, que tem a honra de conviver com arte tão bela, o que fará?E as escolas, que tem este acervo ao alcance, o que estão fazendo para divulgá-lo e preservá-lo?
Ivan fez a parte dele enchendo de poesia visual a Cidade da Esperança. Como é bom, num dia de sol, parar diante da obra e observar suas cores, seus traços, sua marca.
Viva Ivan Cláudio, viva a arte do grafite!

2 de mai. de 2011

O artista Avelino e seus quadros no Bar de Aurino

Professor Janilson

A Arte é uma dama livre e pode estar nas paredes das  igrejas medievais ou de um bar na Cidade da Esperança.
Há dez anos o artista Avelino Pinheiro, cronista de imagens da Cidade da Esperança, teve a maravilhosa idéia de registrar os personagens que freqüentavam o Bar de Aurino, ou Bar do Bode. Aos poucos, no ano de 2001, as paredes do bar foram sendo ocupadas pelos quadros. Sutilmente, Avelino buscou em cada personagem uma característica que o identificasse como única e lá estão eles cruzando o tempo e marcando a memória do bairro.
Alguns personagens já faleceram, porém, permanecem como referências de histórias e lembranças  nas conversas que rolam no bar.  
É este o papel da Arte : eternizar lembranças e sensações.
Vale ouro observar cada quadro, conhecer o seu personagem,ouvir a sua história.