Janilson Sales de Carvalho
Ivan
Cláudio era um artista do grafite, da Cidade da Esperança, que faleceu aos 18
anos no dia 08 de maio de 2010, dia do Artista Plástico. Naquele dia, ele iria
com outros artistas, a convite da FUNCART,
pintar sua obra no muro da Escola Municipal Emanuel Bezerra, no bairro
Planalto. Um problema no coração o impediu de concretizar o projeto, porém, os
amigos: Neon, Doce, Hades, Bones e Flor o realizaram. Estive no local poucos
dias depois e fotografei a obra. Descobri recentemente que ela foi apagada.
O
grafite é uma arte marginal e por isso some como as nuvens. Não há um projeto
de valorização e permanência dessa arte no setor público, nem no privado. Pelo
menos aqui em Natal. Precisamos fotografá-las imediatamente, pois durante a
noite poderão ser violadas ou apagadas. Para nossa tristeza.
Pensei
no último recado de Ivan e fui olhar as fotos. O que um jovem com uma doença
grave poderia ter deixado como herança de sua arte? Quantas ricas análises
poderiam ser feitas sobre aquela cena? Quantos contos? Quantos poemas? O amor
está ali no coração ofertado, pulsando de desejo pela amada. Entrega total do
afeto. Talvez o frágil coração de Ivan pedindo que alguém o salve. Talvez uma
dúvida sobre o grande amor, gerando uma despedida e um encontro. Sei que fala de amor. Do amor que falta nos
dias atuais. Do amor que sumiu sob a tinta branca da ignorância e do desprezo
pelas artes marginais. Do amor que resiste na lembrança marcada por uma foto,
que brilhará por alguns segundos nas telas de alguns computadores e seguirá sua
rota louca na internet. Do amor, nosso mais precioso tesouro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário