Janilson Sales de Carvalho
Muitos moradores não souberam que
houve uma batalha na Cidade da Esperança no domingo, dia 29/01/17. Os
guerreiros eram todos jovens e digladiaram por horas. Nenhuma gota de sangue e
toneladas de alegria e poesia. O ringue
foi o velho e querido Teatro de Arena,
apelidado pela moçada como a “rodinha do padre” porque fica nas proximidades da
igreja católica. Eu, da velha guarda do
bairro, me emocionei. Há quanto tempo não via aquele espaço ocupado e cheio de
vida. Eu, que tantos belos momentos presenciei ali nos anos setenta e oitenta.
Na
parede uma inscrição: “Batalha da Esperança”. Batalha de MCs, de palavras, de
versos, de pensamentos bem vivos. As torcidas ocupando as arquibancadas e
ouvindo e vendo atentamente a performance de cada artista . Alguns MCs, muito
poucos, apelam para palavrões. O ritmo acelerado do duelo força as rimas, exige
a urgência da palavra mais fácil, mais pesada, mais corrosiva. Os palavrões são
aqueles que ouvimos todos os dias, ditos por velhas figuras sérias no trânsito.
Isso não depõe contra o espetáculo.
Entre versos mais elaborados, brotam citações e nomes de filósofos, figuras e
fatos históricos. Estão bem atualizados. Lembrei-me dos duelos de violeiros ou
de emboladores de coco. Contendores se movimentado, se olhando, se encarando e
usando as lâminas finas das palavras como armas. A
plateia em delírio, ovacionando aos gritos, o seu preferido. No centro da cena,
os lutadores e dois juízes para avaliação do duelo.
Sem
apoio público, a moçada do funk natalense leva o espetáculo para as periferias
de Natal. Passei um pouco antes e vi os meninos trabalhando na limpeza e na
organização do local. Soube que esse belo projeto chama-se “Movimento Síntese
Urbana” e tem página no Facebook e em outras redes. Entendi que a arte pulsa, a
vida segue e os meninos e meninas do MSU nos mostram que a vida é bela, bela,
bela.
Só um pequeno equívoco no título. O nome é Batalha da Esperança, não Batalha do MSU. Acha que seria possível a modificação desse texto?
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