23 de abr. de 2018

Carlos Valle e o romantismo de resistência




Texto de Janilson Sales de Carvalho 
Falar de amor, nos dias atuais, exige uma grande coragem. De alguma maneira, o romantismo foi descartado por ter adquirido uma carga  de ingenuidade e antiguidade. A modernidade dissolveu os gestos carinhosos e automatizou as frases.  Hoje, o encontro do primeiro amor perdeu lugar para traições e separações de casais, como principal tema musical. Figuras vingativas berram seu ódio, enumerando objetos caros, jóias, bebidas e carros de luxo. A grana vai trazer um novo amor e o perdedor que chore desesperado. 
Mas, nesse panorama caótico, surgem vozes dissonantes que seguram a bandeira do amor com firmeza.  Entre elas está Carlos Valle, compositor e cantor das  terras natalenses.  Em 2017, Valle nos brindou com o seu segundo cd “Renata se quiser fugir”. O título já é um convite à fuga com a amada. Música dançante, leve, bela, apaixonante. 


O disco traz 14 músicas da autoria de Valle. Tudo parte de uma musicalidade das vivências. Momentos, pessoas ou  lugares, transformam-se em chamas musicais. A partir daí, começa um processo íntimo de construção artística pautado por ritmos que marcaram e marcam a cultura brasileira. Letra e música alinham-se, ganhando forma e ritmo. 
Uma característica especial de Carlos Valle: sua  generosidade em compartilhar suas músicas  com os amigos. Um de seus lugares preferidos é o bar de Dedê, na Cidade da Esperança. Em um pequeno espaço, os amigos ouvem atentos a performance do cantor. A sua grande paixão é unir as pessoas através da música. Sem dúvida, suas letras e ritmos remetem a espaços românticos, como a beira mar numa noite de lua cheia. 
Digo que Carlos Valle é um Quixote da paixão. Sem grandes firulas, fala do amor como se fosse  uma flor de jardim. Os  títulos das músicas nos remetem a esses territórios de afetos singelos. Assim, temos: "Tô te amando tô", "A cura", "Pirou minha cabeça"," Brincar de namorar", "Porto seguro", "Sem perdão"," Tempo" , "Menina maluquete", "Contando estrelas", "Dê um sopro na paixão" , "Portal da solidão", "Amor de carnaval" e “O amor é como fogo”. 
Nesse tempo marcado por urgências inexplicaveis, com os celulares dominando os territórios das vivências, silenciando palavras com imagens sem sentido, falseando emoções e afetos. Nesse tempo de músicas pré-fabricadas, marcadas por traições, carrões, vinganças sórdidas e porres sem fim, é maravilhoso poder ouvir a música de Carlos Valle e sua insistente ancoragem no amor. Assim, uma flor retoma sua importância romântica e transforma-se no melhor presente do mundo, embalada por beijos e abraços, numa noite de luar. 

5 comentários:

  1. Belo,poético e analítico texto! Coerência e conhecimento na produção romântica do nosso sensível Carlos Vale, nos leva a refletir o quanto o amor a tudo transcende. Parabéns Janilson pela excelente análise das composições do nosso querido Vale, parabéns ao compositor e intérprete mencionado. Viva o amor! Viva o romantismo!Viva a sensibilidade dos amigos Carlos e Janilson!

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  2. Bela e poética análise do trabalho do nosso querido Carlos Vale! A sensibilidade e o romantismo de Vale nos toca e surpreende, e ao mesmo tempo nos faz acreditar que o amor a tudo transcende. Parabéns Janilson pela coerência e análise do texto, parabéns por conhecer tão bem o trabalho do nosso poeta e amigo Carlos Vale, parabéns a ambos por acreditarem que o amor é o que nos salva do tédio que as adversidades da vida nos impõe. Viva o amor! V8va o romantismo!

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  3. Bela e poética análise do trabalho do nosso querido Carlos Vale! A sensibilidade e o romantismo de Vale nos toca e surpreende, e ao mesmo tempo nos faz acreditar que o amor a tudo transcende. Parabéns Janilson pela coerência e análise do texto, parabéns por conhecer tão bem o trabalho do nosso poeta e amigo Carlos Vale, parabéns a ambos por acreditarem que o amor é o que nos salva do tédio que as adversidades da vida nos impõe. Viva o amor! Viva o romantismo!

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  4. Belíssimo texto, romântico e poético, demonstrando sensibilidade no seu modo de pensar, Janilson. Parabéns!

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