10 de mai. de 2017

O Bar de Avelino

Janilson Sales de Carvalho


                As grandes revoluções no campo das artes sempre foram provocadas pela reunião de artistas de vários talentos em um mesmo espaço. Isso foi um fenômeno constante na Europa e aconteceu também no Brasil. Podemos considerar a Semana de Arte Moderna, realizada em São Paulo em 1922, como o evento mais conhecido. A partir daí, dezenas de encontros aconteceram e acontecem pelo país. Alguns atingem grandes repercussões, como a Tropicália e o Mangue Beat. Outros contribuem para novas experiências em bairros ou cidades periféricas dos grandes centros. O bom disso é que tudo que fazem deixa uma herança positiva nessas comunidades.
A Cidade da Esperança, desde a sua fundação nos anos sessenta, sempre foi um espaço povoado por artistas. Lembro-me que nessa década, o clube de mães encenava peças em datas comemorativas. De alguma maneira, esses grupos sempre buscaram uma forma de convivência em algum espaço. Naturalmente, por tratar-se de um bairro de trabalhadores, o tempo para os encontros sempre foi um elemento difícil e isso contribuiu para que tivessem curta duração. É um problema que precisa ser resolvido com a união de todos.


Uma das últimas tentativas para reunião desses grupos foi feita pelo artista plástico Avelino Pinheiro com a inauguração do Bar do Avelino, em sua residência na Rua Santa Cruz. Esse espaço durou aproximadamente um ano e foi extremamente rico em experiências artísticas. Durante esse tempo, músicos, cantores, pintores, escritores e poetas compartilharam boas conversas e ótimos espetáculos.  


                Um fato interessante é que havia sempre um violão disponível e qualquer cliente que soubesse tocar poderia abraçar o instrumento. Nessas ocasiões, outros clientes apoiavam  com uma percussão improvisada ou bem esboçada em um pandeiro. A festa rolava alegre e sem pressa. Em alguns momentos, Avelino nos brindava com a sua bela interpretação como sósia  de Bel Marques. Era o nosso Belvelino.

                 O Bar do Avelino se foi como tantos outros. Mostrou mais uma vez a riqueza artística que existe no bairro. Fez a sua parte. Fica a saudade.  

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