Janilson Sales de Carvalho
A
palavra "Esperança" tem muito significado na minha vida. Escrevo com
letra maiúscula porque foi assim que ela apareceu na minha história. Meu pai
nasceu em Nova Esperança, um distrito do município de Várzea no Rio G. Norte.
Esse lugar agradável ainda concentra muitos familiares. Minha mãe também nasceu
em Várzea, mas na sede do município.
Logo
após o casamento decidiram morar em Natal. Ali, durante vários anos
peregrinaram por diversos bairros em casas alugadas. Nesse período nasceram os
cinco filhos. A vida difícil impedia a compra de um imóvel. Foi na década de
sessenta que a palavra “Esperança” se concretizou outra vez no destino da
família no momento em que meu pai foi selecionado para receber uma casa na
Cidade da Esperança, bairro popular idealizado pelo governador Aluízio
Alves. Naquele momento encontramos um
porto seguro.
Se
meu pai foi o navegador que levou a família de uma Esperança a outra, minha mãe
foi a pessoa que a incutiu em nossas vidas pelos caminhos da fé. Ele era um
homem ocupado com o sustento e não se envolvia com temas religiosos. Era um
grande leitor e nos repassava com convicção suas opiniões sobre os fatos do
mundo. Acredito que era um dos homens mais bem informados do bairro. Ela
participava da vida religiosa e conduzia a filharada nesse percurso. E a
“Esperança” ganhou novo significado nas palavras do padre Tarcísio e na imagem
de Nossa Senhora da Esperança, padroeira do bairro.
Lembro-me
de uma frase que ouvi de um colega: “domingo era dia de praia, missa e festa no
Clube Intermunicipal.” Concordei com ele. Muitos jovens do bairro faziam esse
roteiro. Como se vê, a igreja constava como elemento importante na rotina.
Temos em janeiro a festa da padroeira, um evento importante que reúne os
católicos.
Há alguns
anos, o filósofo Edgar Morin realizou uma palestra para milhares de pessoas no
anfiteatro da UFRN e repetiu a palavra “esperança” diversas vezes. Cada vez que
ele citava, eu refletia sobre o seu significado na minha vida. Como ela era
preciosa para mim, pois representava meu lar e a fé na realização dos sonhos.
Para onde eu iria sem ela? Nesse momento veio à mente a grande emoção provocada
pela procissão anual com a imagem da
padroeira do bairro. Silenciosamente, a santa une pessoas, famílias e multidões
num grande rio de esperanças. A “esperança” existe outra vez como um porto
seguro, agora na imagem da mãe de Jesus.
No
feriado da Semana Santa de 2017, tive o prazer de passear em Monte Alegre/RN
com minha mãe Lourdes, a grande amiga Nazaré
e a querida prima Socorro. Esse município entrou na minha vida no
momento em que conheci minha esposa. É um belo lugar próximo a Natal. Lá também
existe um bairro chamado Esperança. Antigamente era identificado como Rua da
Palha devido às moradias pobres que ali existiam. Hoje é um belo lugar com centenas de casas de
alvenaria. Acredito que em cada lar existe uma história parecida com a minha. Nesse
passeio, chegamos ao bairro. Minha mãe e as amigas ficaram encantadas com a
nova igreja construída. A esperança transformou a palha em alvenaria,
cimentando o amor entre as pessoas. E Nossa Senhora da Esperança está lá, no
alto da igreja, fazendo com que todos mirem o tempo, amem a vida e caminhem com
“Esperança”.
A sua história de vida relatada nesse texto é bem parecida com a minha história de vida, por isso me chamou bastante atenção. Como por exemplo, quanto aos relatos sobre as dificuldades da sua família em ter um imóvel próprio e que só vieram conseguir na Cidade Da Esperança. Isso aconteceu também com minha família. Muito bom!
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