Janilson Sales de Carvalho
Há alguns anos,
eu chegava à banca de Jailson, na Cidade da Esperança, e saía de lá com
diversas publicações, entre elas: Língua Portuguesa, Discutindo Língua
Portuguesa, Discutindo Literatura, Educação, Revista do Brasil, Nova Escola,
Caros Amigos e CULT. Adquiria outras que tiveram curta duração, lançando no máximo
três exemplares, apesar de bem elaboradas. Sempre aviso a Jailson: se falar de
literatura ou ensino de língua portuguesa, guarde uma para mim. Esta semana
estive na banca e saí com apenas duas: Caros Amigos e CULT.
Sempre
converso com Jailson sobre esses sumiços e ele me relata os problemas de
distribuição em Natal. São poucas empresas e os títulos que circulam são os
mais lidos ou os mais populares. Lamentavelmente, os dois temas que gosto não
estão elencados entre os preferidos da população. Principalmente na periferia
da cidade. Poderia resolver esse dilema com assinaturas, mas perderia a
oportunidade de perambular pelo bairro e encontrar velhos amigos. Para mim, ir
buscar as revistas é um ritual. Me programo, escolho horários tranquilos e trajetos
movimentados. Nunca fiquei sem um feliz encontro. Na banca, converso com
Jailson sobre manchetes, problemas locais e nacionais, enquanto degusto picolés
de limão.
O
meu antigo jornaleiro era Pedro, na Praça Aluísio Alves. Foi na banca dele que
encontrei o primeiro número da revista Caros Amigos, em abril de 1997. No mesmo
ano comprei o primeiro da CULT, em julho, na Hiperbanca. Pedro tem hoje uma
loja de conveniências chamada Pedro 500 na Avenida Paraíba. A loja tem uma mesa
de sinuca bem frequentada e as cervejas mais geladas do bairro. Sempre tem
pessoas interessantes para uma conversa. Geralmente, quando saio da banca de Jailson,
dou uma passadinha na loja de Pedro.
Gosto
de revistas. Sou chegado a leituras em uma boa rede num lugar ventilado. Ainda
tenho CULT e Caros Amigos. A primeira me leva ao especial mundo da literatura e
a segunda ao Brasil profundo, com o seu espetacular multiculturalismo.
Inclua-se também uma crítica séria aos dilemas nacionais. Compartilhei, por
muito tempo, os artigos dessas revistas com colegas na universidade e com
alunos na sala de aula. Sempre saí mais rico das leituras e dos debates. Há
dezenove anos convivo com esses encontros pautados pelas revistas. Espero que
mais dezenove venham.
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