29 de out. de 2016

CULT e Caros Amigos – 19 anos de resistência nas bancas da Cidade da Esperança






Janilson Sales de Carvalho

Há alguns anos, eu chegava à banca de Jailson, na Cidade da Esperança, e saía de lá com diversas publicações, entre elas: Língua Portuguesa, Discutindo Língua Portuguesa, Discutindo Literatura, Educação, Revista do Brasil, Nova Escola, Caros Amigos e CULT. Adquiria outras que tiveram curta duração, lançando no máximo três exemplares, apesar de bem elaboradas. Sempre aviso a Jailson: se falar de literatura ou ensino de língua portuguesa, guarde uma para mim. Esta semana estive na banca e saí com apenas duas: Caros Amigos e CULT.
                Sempre converso com Jailson sobre esses sumiços e ele me relata os problemas de distribuição em Natal. São poucas empresas e os títulos que circulam são os mais lidos ou os mais populares. Lamentavelmente, os dois temas que gosto não estão elencados entre os preferidos da população. Principalmente na periferia da cidade. Poderia resolver esse dilema com assinaturas, mas perderia a oportunidade de perambular pelo bairro e encontrar velhos amigos. Para mim, ir buscar as revistas é um ritual. Me programo, escolho horários tranquilos e trajetos movimentados. Nunca fiquei sem um feliz encontro. Na banca, converso com Jailson sobre manchetes, problemas locais e nacionais, enquanto degusto picolés de limão. 

                O meu antigo jornaleiro era Pedro, na Praça Aluísio Alves. Foi na banca dele que encontrei o primeiro número da revista Caros Amigos, em abril de 1997. No mesmo ano comprei o primeiro da CULT, em julho, na Hiperbanca. Pedro tem hoje uma loja de conveniências chamada Pedro 500 na Avenida Paraíba. A loja tem uma mesa de sinuca bem frequentada e as cervejas mais geladas do bairro. Sempre tem pessoas interessantes para uma conversa. Geralmente, quando saio da banca de Jailson, dou uma passadinha na loja de Pedro.  
                Gosto de revistas. Sou chegado a leituras em uma boa rede num lugar ventilado. Ainda tenho CULT e Caros Amigos. A primeira me leva ao especial mundo da literatura e a segunda ao Brasil profundo, com o seu espetacular multiculturalismo. Inclua-se também uma crítica séria aos dilemas nacionais. Compartilhei, por muito tempo, os artigos dessas revistas com colegas na universidade e com alunos na sala de aula. Sempre saí mais rico das leituras e dos debates. Há dezenove anos convivo com esses encontros pautados pelas revistas. Espero que mais dezenove venham.  

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