6 de out. de 2015

A Cidade da Esperança e seu novo visual



Janilson Sales de Carvalho



            Antigamente, o ponto mais alto da Cidade da Esperança era o morro que a separa da Cidade Nova. Subíamos o morro e olhávamos as ruas e suas casas com quintais arborizados. Sempre foi uma imagem poética e continua sendo.Hoje o bairro começa a ser ocupado por prédios de muitos andares e olhá-lo de cima passou de aventura infantil no morro para rotina doméstica nos apartamentos.   
            Este novo aspecto do bairro é revelador das profundas mudanças que atingem Natal. A verticalização das moradias é um fenômeno da paixão pelo bairro e pela cidade.O território natalense não comporta mais projetos residenciais de casas, restando aos que desejam aqui morar, a opção pelos prédios.
            Algumas análises apressadas avaliam a ida para os prédios como algo vinculado às questões de segurança. Com certeza algumas mudanças apoiam-se nisso, mas a maioria delas revela o desejo de proximidade com lugares historicamente estruturados em bases familiares, caso da cinquentona Cidade da Esperança.
            Quem caminha pelas ruas do bairro observa que centenas de casas foram partidas em duas ou três. Esta partição tem históricos familiares profundos, sendo a solução encontrada para apoiar e proteger filhos e netos.Famílias mais abastadas construiram andares superiores e acolheram da mesma forma seus componentes.
            Além dessas famílias que unem-se na mesma casa, algumas pessoas tem adotado o bairro como fonte de investimento, comprando e demolindo velhas casas, construindo prédios de dois e três pavimentos para locação de apartamentos que são ocupados rapidamente. 
            Sei que a verticalização do bairro será um processo lento, pois os antigos moradores amam suas casas e não planejam desfazer-se delas. Um prédio precisa de várias casas para tornar-se viável. Mas, lembremos que São Paulo também era um aglomerado de bairros como o nosso e, lentamente, transformou-se numa selva de pedra. Tudo muda o tempo todo em seu silêncio mineral.
            Mudanças assim são inevitáveis e não podemos sofrer com elas. Resta-nos mudar também o nosso modo de olhar e acompanhar o crescimento do bairro como o de uma criança, cercando-o de cuidados e zelos para que continue sendo este lugar maravilhoso para nós e  para os que virão.  
           
 

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